FITI - Federação das Instituições de Terceira Idade
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1982-2015
33 ANOS A FORMAR PROFISSIONAIS
MEMÓRIAS

Já se passaram 33 anos a Formar... e com eles vêm as memórias de um passado que, na íntegra, vivi e será bom recordar.

A FITI, no seu primeiro ano de existência, ao fazer um levantamento da situação das instituições de idosos, ao tempo federadas, detectou, entre outras necessidades, a da formação dos seus colaboradores. Então, definiu-a como sua actividade principal. Seria, pois, através dela que passaria, essencialmente, a apoiar as suas federadas e não só, pois, como se tem vindo a verificar também as não federadas têm beneficiado dela.

Uma equipa pluridisciplinar foi constituída para pensar um programa de formação e os seus destinatários, e contratada uma Assistente Social.

Parece-me da maior justiça, começar por fazer menção aos membros permanentes dessa equipa, que tanto se empenharam nesse trabalho e se comprometeram com a FITI vários anos. Eram eles: Elvira Rebelo Abranches – Responsável do Departamento de Idosos da Caritas Portuguesa e Secretária da Direcção da FITI, a quem se deve a sua criação e o ter levado por diante a instituição, com grande entusiasmo e dinamismo, trabalhando em pleno na FITI largos anos; Sr. P. Victor Feytor Pinto, não necessitado de apresentações, creio; o sociólogo, Fernando Micael Pereira, professor na escola de Enfermagem S.V. Paulo em Lisboa, no ISSS de Lisboa, UC de Lisboa,…; o Psicólogo, Gabriel Ribeiro da Frada, colaborador num organismo estatal e também professor da mesma Escola de Enfermagem,…; a Enfermeira Maria Luísa Gomes Pedro, Directora do Lar de Santa Clara, em Queluz, com longa experiência na criação e direcção de equipamentos de idosos; a Assistente Social, Gracinda Cândida Neves, colaboradora da CM de Lisboa, e eu própria, para assessorar a equipa e dar continuidade ao trabalho.

Foram cinco meses de trabalho intenso em que cada especialista ia pondo em comum os seus conhecimentos e/ou a sua experiência na área da gerontologia, das metodologias e técnicas pedagógicas. O trabalho feito, nesta área, era muito pouco. Havia que fazer caminho... E o rumo traçado foi a humanização das instituições, a dignificação da Pessoa Idosa, como sujeito de direitos e de deveres e aumentar as competências dos profissionais.

Já existiam, naturalmente, instituições há largos anos, mas a preparação dos seus colaboradores para atender às necessidades dos idosos não era considerada fundamental, por grande parte dos dirigentes e dos próprios agentes e, assim, a formação que tinham era insuficiente ou nula. A boa vontade e a dedicação bastavam.

Havia pois que sensibilizar para que isto, apesar de muito importante, não chegava, e que a formação nas áreas do desenvolvimento pessoal, da gestão de recursos humanos, cuidados de saúde, etc., era imprescindível. Por outras palavras, que o amadorismo tinha que dar lugar ao profissionalismo humanizado.

Foi a 1 de Março de 1982 que a FITI deu o pontapé de saída, como entidade formadora, com o início da acção piloto, em Lisboa, na Escola de Enfermagem de S. V. de Paulo, com 39 pessoas vindas das mais diversas IPSS, com todo o tipo de funções, cuja primeira denominação foi de “Jornadas de Interacção” (Que veja nos certificados quem as frequentou).
 
A equipa que construiu o programa quis testá-lo e entusiasmada com a realização do seu projecto não quis deixar o seu trabalho em mãos alheias. Assim, as acções repetiram-se, com os mesmos formadores, em vários locais, pelo país fora, em muitos dias, com a presença de todos. Foram experiências/vivências de grande intensidade que deixaram marcas fortes, tanto nos formandos como nos formadores e naqueles que as apoiavam.

Eram acções, ao longo do país, de onze dias seguidos, de manhã e de tarde, incluindo sábados e domingos (não estou a ver isto poder acontecer nos dias de hoje…) em que, em dinâmica permanente, se puseram as pessoas a reflectir e a dialogar sobre a Pessoa, a Pessoa Idosa na sua dimensão física, psíquica e espiritual e social, as interacções entre colaboradores e pessoas idosas e suas famílias, a liderança, o trabalho de equipa, os conflitos, a animação, a organização do espaço, etc.

 Naquela altura a novidade era muito grande. Nem tão pouco os técnicos, apesar do seu percurso académico, se sentiam letrados na área da gerontologia. Os cursos, de Serviço Social, Psicologia e outros, não continham no seu programa nenhuma cadeira sobre esta matéria (ainda agora, passados 25 anos, as palavras geriatria e gerontologia não são, muitas vezes, bem empregues e fazem-se cursos para “auxiliares de geriatria”, que são os ajudantes de lar e centro de dia, recentemente denominados, ajudantes de acção directa). 
 
As respostas sociais foram aumentando em número e tipo de apoio prestado, começaram a proliferar as respostas de Centro de Dia e Apoio Domiciliário, e a FITI teve que ir adaptando as suas respostas/programas às necessidades que, ao longo dos anos, foram surgindo.
 
Assim, foram-se dando contributos para a mudança, no sentido da qualidade de vida e do papel activo dos mais velhos na sociedade.

 Pouco a pouco a realidade foi mudando, por vezes com resistência, pois a mudança não é fácil para ninguém. Mas o caminho está muito longe de ser percorrido, aliás ele é difícil e será sempre inacabado.

De qualquer forma, apesar do muito que há ainda e sempre por mudar, avançou-se no sentido da dignificação da Pessoa Idosa. As respostas que se procuram dar agora diferem muito das que eram dadas, em termos de espaços, de atitude perante o idoso, de serviços e de cuidados, etc.

Em 1982 pouco se falava e pouco se fazia, de âmbito nacional, em termos de formação. Hoje, as ofertas de formação, talvez, nem todas da melhor qualidade, mas quem sou eu para julgar o trabalho dos outros, surgem em quantidade e variedade, por todo o lado.

Mais que não seja, a obrigatoriedade da formação se encarregará de levar os que a ela têm resistido a aceitar a sua importância e a seguir o caminho que outros, motivados para ela, já percorreram e continuarão a percorrer.

 E a FITI gostaria, apesar dos seus 33 anos, e da concorrência que se vive neste campo, como noutros, de continuar a contribuir, desta forma, para melhorar as condições de vida dos mais velhos do nosso país.


Maria Teresa Frescata
Assistente Social 
(27 anos ao serviço da FITI) 
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